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Segunda-feira, 30 de Julho de 2007

Panorama da enfermaria...

      O serviço está cheio... a abarrotar! O que nos vale é que os chefões não admitem macas, senão teria umas quantas no corredor! Com a chegada de Agosto, metade dos médicos estão de férias, bem como boa  parte das minhas colegas... o que significa turnos com menos pessoal e médicos com menos paciencia para atender os doentes dos seus colegas.

      Trabalhar em Agosto poderá ser bom porque há menos trânsito, mas em termos de peso de trabalho...começo a reconsiderar a ideias de "trabalhar em Agosto é que é". Se bem que... lá para o fim do mês também terei os meus merecidos dias de férias... só para não ser diferente ! Até ver não há planos, mas é melhor nem pensar nisso senão ainda custa mais a passar.

 

Como comecei por dizer, temos o serviço lotado e nada leve!!! Para terem uma ideia...

 

Cama 1 - Sr com anemia grave, turno sim turno sim tem de fazer uma tranfusão de sangue. Andam a tentar descobrir o que provoca a anemia. O Sr, mal se dá por ele, lá está na sua caminha a sorrir a qualquer questão colocada, sempre, aparentemente bem disposto...

 

Cama 2 - Um sr com neo do pulmão, em fase avançada. Precisa de ajuda para tudo... está com tantas dores que quase nem lhe conseguimos tocar sem que ele emita sons arrepiantes de dor... para ele deve ser um martírio estar assim. A familia não o vem visitar. Ele ainda é novo... 52 anos. Já se prevê o final...

 

Cama 3 - Um sr com insuficiencia cardiaca, já está compensado a nivel cardíaco, faz a sua vida lá pelo serviço com maior independência. Ainda precisa de supervisão na higiene. Continua a gostar da comida bemmmm salgada, mesmo sabendo que faz aumentar a tensão arterial. Mas como agora já está "bom", não se lembra do que sofreu quando entrou cheio de falta de ar e sem conseguir mexer um braço sem se cansar...

 

Cama 4 - Um rapaz novo, de 32 anos, HIV positivo, com pneumonia. É homossexual, tem um companheiro super protector e que o tem ajudado imenso duranto o internamento. O sr tem tido acompanhamento psicologico porque descobriu há 6meses que é HIV positivo e está em choque...

 

Cama 5 - Um senhor de 92 anos que entrou por desidratação. Está super confuso e agitado, sempre que vamos ao pé dele já esta com as pernas de fora da grade, todo torto e, se tivermos sorte, ainda mantém o acesso para o soro... O filhos foram de férias, sabe-se lá quando voltam...

 

Cama 6 - Um senhor com problemas cardíacos, em que o coração bate muito depressa (sempre entre 120 a 130 batimentos por minuto). Está a fazer perfusão de amiodarona e tem um monitor cardíaco para podermos avaliar o traçado do coração. é um doente de risco pois se o coração bate muito depressa pode ter o risco de se cansar de mais e parar...

 

Cama 7 - Um sr que teve um AVC e que teve como sequelas uma perturbação na fala (disartria). Por vezes é complicado perceber o que ele diz e o que ele quer... ainda nao se pode levantar da cama, tem de repousar e temos de ser nós a fazer tudo, até porque, metade do corpo ele nao consegue mexer (tem hemiplegia).

 

Ainda há muitos mais pessoas internadas, cada uma com a sua especificidade e seus problemas... o post de hoje era para terem uma ideia do panorama de pelo menos uma das enfermarias. Temos doentes distintos, em idade, patologia, crenças e sexualidades que ali são iguais uns aos outros porque os tratamos sem discriminação. Não é por termos um Dr internado (como já aconteceu), que o vamos tratar melhor do que ao sem abrigo que está na cama ao lado... ali são iguais... têm necessidades diferentes, modos de vida diferentes, mas não podemos ser mais "simpáticos" ou "prestáveis" pela sua posição social!

 

Fico por aqui por hoje... está tanto calor que nem consigo dormir... amanhã vai estar igual... Beijos e abraços...

Sinto-me: Com calor...
Música: da ventoinha


Domingo, 22 de Julho de 2007

Velhinhos e sem abrigos

Ando desaparecida não é?... Pois... eu ás vezes tenho tanto que contar, outras vezes parece que é sempre tudo igual!

Sabem, quando fui para Enfermagem, uma das vantagens era que nunca teria um dia igual ao outro, porque os doentes mudam, as patologias mudam, as intervenções diárias mudam... não me iria aborrecer uma vez que não seria monótono. Bem... a minha ideia inicial revela-se verdadeira, no entanto o facto é que frequentemente os doentes são os mesmos de um dia para a outro e por vezes pouca coisa muda... o básico, digo. Para vir escrever ao blog, tento sempre trazer certos acontecimentos que me marcaram, pelo melhor ou não e tento transmitir a ideia do que é um bocadinho da enfermagem. Como por vezes o meu dia a dia é igual não vejo sentido em vir dizer "Entao hoje, dei banhos, dei não sei quantas medicações, falei com o doente X porque ele não sabe que doença tem e está ansioso..." porque isto basicamente é o "prato do dia"!

 

Com a chegada do Verão é ver os idosos chegar ao serviço! Sim, pode ser por desidratação (o mais frequente nesta altura do ano), mas o principal diagnostico de entrada é "abandono agudo"...

Temos pelo menos 4 doentes idosos, praticamente dependentes em todos os aspectos da sua vida, que foram levados para as urgências por suposta infecção urinária ou protração (quando ás vezes até estão agitados demais...) e lá foram deixados pelos familiares, apressados para ir de férias com a família... Como os idosos nao podem ficar no SU, são transferidos para as Medicinas e, ei-los lá até as familias virem de férias.

Pois é, não são só os animais que são abandonados nas estradas e canis... os velhinhos também! E destes que vão para o SU sabemos nós... e os que ficam em casa á sua mercê? Nem quero pensar... as pessoas que nos criaram, que fizeram tudo para que possamos ter um tostão para irmos de férias, são as que mais sofrem nestas alturas! De certeza que estes filhos e netos pensam que nunca vão ter mais de 70 anos e que vão sempre depender apenas de si mesmos... Enfim...

Bem, vamos cá ver outra vertente da história! É muito fácil para mim falar... eu chego ao serviço, estou lá 8h, no máximo 16h a cuidar dos doentes e não são poucas as vezes que não saio de lá com a cabeça em água! Mas depois, vou para casa, vou saindo um dia ou outro, e tento não pensar mais neles... Ou seja, tenho o meu descanso, o meu "esquecimento" e a minha folga. No entanto, os familiares que cuidam de alguem que precisa de si a 100%, cuida deles 24 horas dia... todos os dias, durantes anos! Esses cuidadores muitas vezes perdem trabalho para cuidar do seu familiar... não os podem colocar num lar porque economicamente não é possível. Eles ficam em casa, SEMPRE, e só podem sair para ir ás compras ou ao médico quando está mais alguém em casa, senão o velhinho fica sozinho e pode acontecer alguma coisa. Imaginem o esgotamento destas pessoas... por mais que amem e que façam tudo por tudo... também sofrem, também se cansam...

Pareço o advogado do diabo... mas é importante ver as situações pelos 2 lados...! Há familias e familias... não sou tola a ponto de achar que todas as familias cuidam dos seus com a mesma dedicação. Há muitas que cuidam para receber as pensões dos mais velhos e é-lhes indiferente se eles são bem ou mal cuidados... e não me admira que sejam esses que os deixem nas urgências, vão de férias umas semanas e depois digam que o telemóvel avariou e que é por isso que não atenderam...

Agora, sou de acordo que todos os familiares que cuidam de outros devam ter a sua pausa, para bem da sua sanidade mental (e mesmo física), mas para isso era necessario haverem meios sociais...blá blá blá...que, infelizmente na nossa socidade, são miragens!

Estas situações fazem-me lembrar os outros casos frequentes na medicina: os sem abrigo. Geralmente quando um sem abrigo é internado, só sai de lá quando tem um sitio para ir e alguém para cuidar de si. Lar, mesericordia, associações e afins...!A nossa assistente social é incansável, só não faz o que não pode! Por vezes são os chefes de serviço que a pressionam com o tempo de internamento, porque "está a ocupar uma cama, isto não é um lar!" (Adiante, nem vou comentar isto Ok?).

Bem, a AS é mesmo 5 estrelas e todos saem de lá com tecto e condições para se manterem estaveis a nível de saúde. Mas... e quando eles não querem um tecto!? Impossível? Impensável....? Não... é bem real! Já por 2 ou 3 vezes que os sem abrigos que temos internados preferem que a sua morada se mantenha "Praceta do Dr Manuel Manuel, 3º banco depois da fonte"... é verdade! Podemos pensar mil e uma razões... mas porque raio dizem que não a uma vida estável, com comida a horas, tecto para dormir e abrigar do frio e do calor??? Não sei... custa-me a compreender... a única coisa que me lembro que possa ser apetecível nesta vida de rua é a falta de regras, falta de horas, a sensação que têm falta de responsabilidade... têm comida aqui e acolá... dormem e sobrevivem, não tem de responder a ninguém nem por ninguém, não têm horas para cumprir. Não têm regras nas vida e são livres... será isso?  

 

Poderão pensar que o que disse hoje são situações mais sociais do que relacionadas com enfermagem, mas o facto é que diariamente lidamos com este tipo de casos, que nos fazem pensar e que ás vezes nos levam a ter pensamentos que poderão ser injustos. É assim em enfermagem, e é assim na nossa vida em geral!

 

Obrigado a todos os que comentam!!

Beijos e abraços!

 

Sinto-me: por vezes injusta...


Quarta-feira, 11 de Julho de 2007

Eu...Chefe?!

Hello!!

Não sei se já deram por isso (acho que ainda não ), mas está um calor!!!!!! Felizmente vou-me ficar por casa, a fazer peso a sofá, com a ventoinha a arrefecer o ar e a descansar!

Ontem fiz tarde. Mas não foi uma tarde qualquer!!! Eu, sim, eu, umas das "pitas" do serviço, a novata e tal e tal... fui a chefe lá do sitio! Dos mais novos do turno, eu era a mais velha. E não havendo ninguém mais velho que eu (em tempo de serviço), lá tive eu de assegurar que tudo se resolveria...  não tenho muita experiencia na parte de administração de serviços. Sei o básico.... por incrivel que pareça ser enfermeiro leva-nos a exercer algumas funções que aparentemente não nos estavam "destinadas". Mas não me importo, desde que não deixe de cumprir o básico de enfermagem.

Felizmente, correu tudo bem e não foi necessária nenhuma decisão fora do habitual. A responsabilidade pesou, é certo. É sempre aquele nervoso que "qualquer coisa, a responsabilidade é nossa!". Isto não significa que nos restantes turno nunca tenha de arcar com as consequencias dos meus actos, mas é diferente...está sempre alguém mais velho para nos ajudar, "orientar", e ali esse alguém era eu...! Mas correu bem!

Agora em Agosto, que vai quase tudo de férias, a probabilidade de voltar a estar responsável pelo serviço é cada vez maior, mas espero que não seja tão breve quanto isso!!

Música: Justin Timberlake
Sinto-me: Ao comando...


Sexta-feira, 6 de Julho de 2007

Imaginem...

Imaginem...

Estão deitados numa cama porque não se podem levantar... não consguem... não têm força nos braços ou pernas nem para aliviar a comichão na face....

Alguém chega, pega em vocês e coloca-vos de lado na cama, virados para uma parede nua.

Ficam a olhar para a parede nua 3 horas.

Não consguem mexer o pescoço, porque não têm força, não podem por mais que queiram.

 E ficam 3 horas a olhar para uma parede nua...

É de dia... na enfermaria entram e saem pessoas constantemente. Falam com toda a gente mas não têm tempo para falar com vocês... e vocês não podem chamar niguém, porque não consguem falar...

E ficam 3 horas seguidas a olhar para a parede vazia...

Não têm sono... desesperam porque já não sabem que pensar, porque já estão fartos de olhar para a parede, porque ninguém fala com vocês, porque já vos doi os joelhos de estarem naquela posição, porque os calcanhares não foram bem elevados e estão a fazer pressão no colchão.

É dor... e vocês não consguem dizer que doi...

Quem vos posicionou não colocou nenuma almofada entre os joelho... um joelho com o outro (osso com osso) provoca dor... pressão constante... 3 horas!

Têm comichão num olho... não consguem mexer o braço porque não têm força... e sentem a comichão... 3 horas.

Vem alguem. Essa pessoa sorri, mas não lhe consguem dizer onde doi, onde têm comichão...

Têm um tubo no nariz que vai até ao estomago. Como não têm força para comer é necessário... já não sabem o que é sentir sabor na boca a não ser o da vossa saliva e quando vos lavam a boca.

Quando vos lavam a boca é como estar alguem constantemente a provocar-vos o vomito. Imaginem quando lavam a lingua com a escova, aquela sensação de nausea... ali...é constante quando vos realizam a higiene oral.

Depois das 3 horas alguém vem para vos mudar de posição (tem de ser por causa das ulceras de pressão).

Ficam de "barriga para cima". Estão 3 horas a ver o tecto... as luzes, quando se acendem encandeiam... mais 3 horas assim... com o passar das horas já doi as costas, os calcanhares...mantem-se a comichão, agora no nariz...e nao conseguem dizer, não consguem aliviar!

Mais 3 horas passam... estão viradas para a porta... veêm finalmente as pessoas. As que estão no quarto, os profissionais... o tempo talvez passe mais depressa. Talvez...

 

Isto é o que imagino que possa sentir alguém completamente dependente, que não se consgue mexer. No meu serviço, 5% dos doentes são assim... imaginam!?

Imagino, com medo, que um dia poderei ter um problema de saúde e ficar assim...

Estão a ver como é quando estão aborrecidos, num local muito chato, sem nada para fazer. Chegam mesmo a ficar desesperados?!

Isto...seria bem pior!!

E agora pensam: "Então, se achas que os teus doentinhos se sentem assim, porque não os mudas mais vezes, porque não falas mais com eles?"

Sim, poderão não haver desculpas... quem me dera poder fazer isso... mas falar com eles, nem sempre posso, nem sempre tenho tempo. Talvez tambem por defesa...que dizer a alguém que não nos responde? Faço um monologo e sei lá se falo de algo que lhe interesse... durante o banho, aí sim, falo, vou explicando o que estou a fazer... mas depois... nas tais "3horas"... é dificil!

Quanto aos posicionamento, é imprescindivel mudar as pessoas de posiçao de 3 em 3 horas (no maximo), devido ás ulceras de pressão (as escaras). E é inevitável não as posicionar para a "parede"... podia até mudar de posição mais frequentemente, mas o maldito tempo não chega para tudo!!

 

Fico-me por aqui nas imaginações... hoje  vai ser mais uma noite...espero que corra tudo bem!!!

 

Beijos e Abraços!

 

_ser o que sou_

(De Oscar Silva)

Música: Mary J. Blige & U2 - One
Sinto-me: A imaginar...


Quarta-feira, 4 de Julho de 2007

Guerra Fria na Enfermaria

Bem, depois de uns dias fora...cá estou eu mais uma vez!

Felizmente estou numa fase em que consigo sair do serviço sem pensar no que lá fica... oq ue me dava um valente nó no cerebro! Agora estou mais desafogada...consigo ter turnos mais intercalados com folgas...o que é bem mais saudável!

E ainda bem que consigo não estar tanto tempo seguido lá metida... agora o serviço parece uma guerra fria entre profissionais, nomeadamente entre enfermeiros e auxiliares.

Os auxiliares de acção médica realizam tarefas delegadas por enfermeiros, ou seja, sao supervisionados pelos enfermeiros, logo quando algo dá buraco quem é chamado à responsabilidade é o enfermeiro... Mas quando vem uma pita como eu, com 1 ano de experiencia a tentar dar indicações a auxiliares que estão lá ha 10-15 anos é que é o bom e bonito... ninguém me leva a sério e ás vezes tentam é dar-me indicações a mim, tipo: "Oh Srª Enf, não acha que devia ir ver a tensão do sr da cama 2?"... HELLOOO... eu ainda sou enfermeira...e posso nao ter muita experiência, mas ainda tenho noção do que devo ou não fazer aos meus doentes, e quando é que tenho de o fazer!!! As auxiliares podem ter mais experiencia no serviço, mas só sabem umas coisas aqui e acolá pelo que vao vendo, porque teoria...ZERO!

Eu ainda vou tendo alguma paciencia quando me aparecem com estes comentários ou quando contradizem alguma indicação minha... começo-me a passar quando sangues urgentes não sao entregues "com urgência".... mas tenho colegas minhas que qualquer coisas já há discussão e mau clima o turno todo... e imaginem trabalhar assim...por vezes 16 horas seguidas...!!! Parece a guerra fria! Depois a chefe sabe "coisas" de auxiliares, sabe "coisas" de enfermeiros e há sempre a discussão "mas quem é que foi dizer...?" - "Ah foram os enfermeiros para nos lixar" - "Ah foram os auxiliares que andam descontentes..."... e é disto!!! Podem dizer "Onde há só mulheres, há sempre confusão...!"... Maybe... também sou mulher, contra mim falo, mas bolas... ás vezes há cenas mesquinhas insuportáveis!!!

Bem, fico-me por aqui por hoje... beijos e abraços***

Música: Muse - Starlight
Sinto-me: Em Guerra Fria


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